Todo o clássico tem história – pt 2/2

Tal como prometido no último post, aqui fica o resto da história deste Domingo memorável.

O meu primeiro objetivo estava já cumprido.

Sabia que pelo menos uma foto do local onde a RT dormiu toda (ou quase) a sua vida eu havia conseguido. Entretanto, a senhora amavelmente faz uma chamada à sua vizinha e convence-a de que eu sou sério e que apenas pretendo obter informações sobre a história da RT.

E assim foi. Voltei à casa da RT e a senhora já esperava por mim ao portão. Com perto de 80 anos, um pouco debilitada fisicamente, que se fazia acompanhar do telefone (não fosse eu surpreende-la a qualquer momento). Ao mesmo tempo que se mostrava apreensiva e desconfiada com toda a minha curiosidade em debitar-lhe a minha lista de perguntas, os seus olhos brilhavam de alegria por saber que eu sou o atual dono do carro que a levou a muitas terras durante os muitos e longos anos da sua vida.

 

Não me alongando muito na transcrição da conversa que tive com esta senhora adorável, eis o resultado da entrevista:

O carro foi comprado em 1971 e ficou para uso de uma empresa da qual o seu marido era sócio.

O veículo ficou para uso do próprio até 1979 ao serviço da empresa. Neste ano a empresa decide vender a RT e pelos vistos havia vários funcionários interessados em adquirir o carro. O marido, como utilizador do veículo teve preferência de opção e acabou por comprar.

Segundo a senhora, a RT terá andado em viagens de família por Espanha e por França.

Em 2003 o marido deixa de conduzir o veículo devido a problemas de saúde. Durante os três anos seguintes a RT fica na garagem sem qualquer utilização.

Em 2006, o marido encontrava-se mal de saúde e a esposa decide que deviam vender o carro, pelo valor de cem mil escudos. Com a ajuda da sobrinha e do Grupo de Escuteiros da zona, são feitas rifas naquele valor. Foi também uma forma de dinamizar os jovens escuteiros para ajudar uma família a vender o carro.

É um sobrinho que retira o veículo da garagem e o leva até à sede dos escuteiros para ser entregue ao novo dono que acaba de ganhar a RT na compra de uma rifa.

Ainda aguardo mais informações provenientes de França, onde se encontra a única filha do casal.

 

Foi sem dúvida uma aventura comovente, tanto para mim como para esta senhora que atualmente mora sozinha e que chorou quando lhe prometi que quando a RT estiver restaurada, irei busca-la a casa e levo-a a dar uma volta.

Agora sim, a RT já tem pedigree.